quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

MORRE DR. BORGES





É com muita tristeza que o Cariri recebe a notícia da morte, por volta das 16 horas desta quarta-feira, no Hospital São Miguel, do advogado e escritor Raimundo de Oliveira Borges. O corpo está sendo velado no Salão de Atos da Universidade Regional do Cariri (Urca) e o sepultamento será as 17 horas desta quinta-feira, ao lado do jazigo da esposa, no Cemitério do Crato.
Raimundo de Oliveira Borges nasceu em São Pedro do Crato, hoje Caririaçu, no dia 2 de julho de 1907, era filho de Clemente Ferreira Borges e Maria José de Oliveira Borges. Realizou o curso primário na sua terra natal e o curso secundário no Colégio São José do Crato, Instituto Araripe Júnior, Instituto Menezes Pimentel, Liceu do Ceará, em Fortaleza e Ginásio da Bahia, em Salvador.
Foi aprovado e ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia em 1928, depois transferiu seus estudos para a Faculdade de Medicina de Pernambuco, sem concluí-los. Direcionou sua atenção para a Faculdade de Direito do Ceará em 1933, tendo sido o orador da turma que colou grau em 1937.
Iniciou sua carreira profissional na função de promotor de justiça nas comarcas de Tauá, Missão Velha e Crato. Depois se afastou do Ministério Público e começou a exercer a advocacia.

Na cidade do Crato foi diretor das três faculdades que deram origem à Universidade Regional do cariri. Na Câmara do Crato foi vereador e alcançou a suplência de deputado estadual pelo antigo PSP. É cidadão honorário do município desde 1975.

Obras
Crime de Injúria verbal (1945)
Interdito Probitório (1963)
A Eloqüência e o Direito (1963)
A Cidade do Crato (1980)
Monsenhor Doutor Eugênio Veiga (1974)
Serra de São Pedro, esboço histórico (1983)
Memórias, fragmentos de minha vida (1988)
A presença de Euclides da Cunha na nossa história (1962)
Visita de Nossa Senhora de Fátima a Caririaçu
A Árvore Amiga (1995)
Euclides da Cunha e a Unidade Nacional
O Coronel Belém do Crato, um injustiçado
Eles e Eu, mensagens gratificantes
O Engenho Taquari
Síntese Histórica da Câmara Municipal de Caririaçu
O Crato Intelectual
Memória Histórica da Comarca do Crato
O Padre Cícero e a Educação em Juazeiro
Clemente Ferreira Borges, Meu Pai
Discursos Acadêmicos
Árvore Genealógica da Família Borges
Os Bispos do Crato, Relembranças Inesquecíveis
Meditações e Saudades
Reminiscências, o Meu Itinerário (2007)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

PADRE CÍCERO: O QUARTO VIGÁRIO DE SÃO PEDRO

A paróquia de São Pedro foi criada em 9 de novembro de 1870 pela Lei Provincial 1362. Só mais tarde, no dia 18 de abril do ano seguinte saiu a provisão canônica assinada por D. Luiz Antonio dos Santos. O Padre Manoel Carlos da Silva Peixoto foi nomeado o primeiro vigário e após dois anos junto a freguesia foi substituído pelo padre Manoel Rodrigues de Lima que ficou durante dez anos. O terceiro vigário – João Carlos Augusto natural de Lavras da Mangabeira foi nomeado em janeiro de 1884, ficando à frente da paróquia até o dia 21 de setembro de 1888, mesma data em que foi nomeado o padre Cícero Romão Batista que tomou posse no dia 29 de janeiro de 1889 e exerceu as funções durante quatro anos aproximadamente. Nos domingos e dias santos celebrava missa pela manhã na Capela de N.S. das Dores em Juazeiro e seguia para São Pedro onde celebrava e passava o resto do dia fazendo batizados, casamentos e confessando fieis, só regressando à tardinha. Cumpre não esquecer que o Padre Cícero, sempre foi, intimamente, um monarquista. Quando se deu a proclamação do regime republicano no Brasil, ele era vigário da Paróquia de São Pedro do Cariri, ficando indignado com este acontecimento. A vitória republicana, segundo o pesquisador Aldenor Benevides – proporcionou ao padre, uma tal revolta, a ponto de, pouco tempo depois, um republicano de nome Dr. Francisco Marçal da Silveira Garcia, ex-juiz do Crato, indo a São Pedro do Cariri acompanhado de alguns militares, numa campanha contra o imperador, ter dado lugar a que o Padre Cícero, por ocasião da missa dominical fizesse um sermão contra o novo regime. Naquela prática pediu que ninguém acompanhasse o Dr. Garcia e nem tampouco temesse os seus soldados porque em São Pedro do Cariri quem mandava era ele, Padre Cícero.Dois meses após ter tomado posse como vigário da cidade serrana no dia 1º de março um fato extraordinário transformou a rotina do Juazeiro, onde o reverendo morava. Naquela data, ao participar de uma comunhão reparadora, oficiada por ele, uma beata muito piedosa, chamada Maria de Araújo, ao receber a hóstia consagrada não pôde degluti-la porque a mesma se transformara em sangue diante dos olhos de todos. A notícia correu e, em pouco tempo, legiões de pessoas vinham de longe para assistir de perto ao fenômeno. Apesar de ter sido testemunhado por muitas pessoas dignas, mais de uma dezena de padres da região e ter sido atestado por dois médicos e um farmacêutico como sendo um fato sobrenatural, a Igreja nunca considerou o sangramento da hóstia como milagre. Mais tarde, os chamados Milagres do Juazeiro passaram a ser estudados por diversos cientistas sociais no Brasil e no Exterior e Juazeiro do Norte, por ser uma cidade mística, tem sido objeto de vários documentários, o que faz muito conhecida e famosa. O fato chamou a atenção do povo sofrido do Nordeste. Os romeiros invadiram Juazeiro, sob a proteção de Nossa Senhora das Dores e da fama da santidade do Padre. Algumas famílias vieram para ficar e muitas delas foram enviadas pelo sacerdote para a Serra de São Pedro e outras terras de boa fertilidade da região. Mesmo com as pressões de Roma, Padre Cícero continuou celebrando em Juazeiro e ainda ficou como vigário de São Pedro do Cariri até o dia 6 de agosto de 1892. Durante toda sua vida ele tentou revogar a pena aplicada pela Igreja Católica, todavia, foi em vão. O resultado de tudo isso foi que jamais se provou que a transformação da hóstia em sangue era uma farsa.

Fonte: Jornal Popular